Lucro da Amazon decepciona com alerta sobre tarifas e desaceleração no consumo
- Neto Fortt
- 1 de mai.
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Por Neto Fortt – 01/05/2025
A Amazon.com Inc. lançou um sinal de alerta ao mercado nesta quinta-feira ao divulgar uma previsão de lucro abaixo das expectativas para o segundo trimestre, em meio a crescentes preocupações com tarifas comerciais e mudanças no comportamento do consumidor. O aviso ofuscou um desempenho sólido no primeiro trimestre e fez as ações da empresa caírem cerca de 4% no after market.
A gigante do e-commerce prevê um lucro operacional entre US$ 13 bilhões e US$ 17,5 bilhões, ficando abaixo da média esperada de US$ 17,8 bilhões. As vendas devem variar entre US$ 159 bilhões e US$ 164 bilhões, alinhadas com as expectativas, mas com viés conservador frente à instabilidade macroeconômica global.
Guerra comercial atinge o coração do modelo de negócios
A previsão mais fraca marca uma mudança no tom da empresa, que passou a mencionar explicitamente “políticas tarifárias e comerciais” como riscos materiais aos resultados — algo ausente em relatórios anteriores. A movimentação vem em um momento em que a administração Trump amplia sua retórica protecionista, com foco nos produtos vindos da China.
Com muitos dos produtos vendidos pela Amazon originados de vendedores independentes chineses, as tarifas elevadas podem não apenas encarecer itens, mas afetar diretamente suas operações logísticas e publicitárias de alta margem. A ideia da Amazon de repassar o custo das tarifas ao consumidor final — mesmo que ainda não implementada — atraiu críticas da Casa Branca nesta semana.
Crescimento desacelera nas áreas-chave
O relatório trouxe uma série de números mistos:
Amazon Web Services (AWS): Cresceu 17% e atingiu US$ 29,3 bilhões em receita, dentro das estimativas, mas com o ritmo mais lento dos últimos 12 meses.
Publicidade: Avançou 18%, somando US$ 13,9 bilhões, mas analistas alertam para riscos com vendedores de pequeno porte que podem reduzir investimentos.
Serviços de terceiros: Subiram 6%, para US$ 36,5 bilhões, abaixo da estimativa de mercado.
Apesar da expansão, a margem bruta desacelerou para 50,5%, o ritmo mais lento em três anos. Isso levanta dúvidas sobre a capacidade da Amazon de absorver os custos crescentes sem pressionar sua lucratividade.
Comparação com concorrentes e reações do mercado
O desempenho da Amazon contrasta com a rival Microsoft, que surpreendeu o mercado com forte crescimento na nuvem e lucros acima das previsões. Para investidores, o desempenho da AWS — embora estável — perdeu tração frente ao avanço agressivo da Azure.
O analista Gil Luria, da DA Davidson, destacou que as margens e a orientação mais fraca podem indicar que a Amazon está sendo forçada a absorver tarifas, ao invés de repassá-las integralmente ao consumidor.
Primeiro trimestre sólido, mas com cautela à frente
Mesmo com o alerta sobre o próximo trimestre, a Amazon teve um 1º trimestre dentro das expectativas:
Receita: US$ 155,7 bilhões (vs. US$ 155,2 bi esperados)
Lucro operacional: US$ 18,4 bilhões (vs. US$ 17,5 bi projetados)
Ainda assim, o mercado reagiu negativamente, temendo que a desaceleração prevista represente uma tendência e não apenas um ajuste pontual.
Conclusão
A Amazon está diante de um cenário desafiador: crescimento moderado, pressões tarifárias, vendedores cautelosos e margem sob pressão. Embora continue sendo um pilar do varejo e da infraestrutura digital global, a empresa sinaliza que os próximos meses exigirão ajustes estratégicos importantes — tanto na operação quanto na precificação.
O consumidor, o vendedor e o investidor estão atentos. E a Amazon sabe que qualquer erro de cálculo em um ambiente protecionista pode custar caro.
Acredito que o objetivo de Trump seja acabar com a concorrência desleal que há nos produtos fabricados na China com relação os demais países. Será que o objetivo de tanto alarde, seja por divergências de interesses, imputando sutilmente divergências ideológicas?