Trump afirma que não pretende demitir o presidente do Fed, apesar das críticas sobre juros
- Neto Fortt
- 22 de abr.
- 2 min de leitura

Em meio às crescentes tensões econômicas e à recente volatilidade nos mercados, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (22) que não tem intenção de demitir Jerome Powell, atual presidente do Federal Reserve (Fed), apesar de sua insatisfação pública com o ritmo da política monetária.
“Nunca falei em demitir”, disse Trump a repórteres. “A imprensa espalha isso. Não, não tenho essa intenção. Só gostaria de vê-lo mais ativo na ideia de cortar as taxas de juros.”
Críticas intensas e impacto nos mercados
A declaração surge após uma série de críticas diretas de Trump ao Fed. Na semana anterior, o presidente publicou um comentário incisivo na Truth Social, afirmando que “a demissão de Powell não pode vir rápido o suficiente”, reacendendo rumores sobre sua permanência no cargo e provocando reação imediata nos mercados. Investidores passaram a precificar possíveis mudanças na condução da política monetária dos EUA, com reflexo direto nos juros dos Treasuries e na valorização do dólar.
O diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, chegou a dizer na sexta-feira que a Casa Branca estava avaliando a possibilidade legal de demissão, mas a fala de Trump agora parece sinalizar recuo diante da reação negativa do mercado.
Divergência entre Fed e Casa Branca
O pano de fundo da crise envolve a pressão de Trump por cortes mais rápidos nas taxas de juros, frente a uma economia que, segundo ele, está começando a sentir os efeitos das tarifas impostas por seu próprio governo.
Atualmente, a taxa de juros do Fed está entre 4,25% e 4,5%, enquanto o Banco Central Europeu reduziu sua taxa para 2,25%, movimento que, segundo Trump, destaca a lentidão da autoridade monetária americana.
Mesmo reafirmando suas críticas, o presidente dos EUA alegou que a repercussão foi exagerada e reafirmou: “Achamos que é o momento perfeito para reduzir a taxa e gostaríamos de ver nosso presidente [do Fed] agir com mais agilidade.”
Fed adota postura cautelosa
Jerome Powell e os demais membros do comitê do Fed têm mantido as taxas inalteradas em 2025, após os cortes ocorridos no fim de 2024, aguardando mais clareza sobre os efeitos da política fiscal do governo — incluindo tarifas, reforma tributária e imigração — sobre a inflação e o crescimento econômico.
Com a inflação persistentemente acima da meta de 2% por quatro anos consecutivos, a maioria das autoridades do Fed defende que a política atual ainda precisa manter pressão para garantir a continuidade do processo desinflacionário, mesmo que o crescimento comece a desacelerar no final de 2025.
Contexto mais amplo
Embora o PIB dos EUA tenha crescido 2,8% em 2024, as tarifas generalizadas impostas pelo governo estão começando a pesar sobre o consumo e a cadeia de suprimentos. O próprio Fed reconhece o risco de que tais medidas voltem a pressionar os preços, reacendendo a inflação e, com isso, limitando o espaço para cortes mais agressivos nos juros.
Assim, o impasse entre Casa Branca e Fed permanece: enquanto Trump deseja estímulo imediato, Powell parece comprometido com o longo prazo e com a credibilidade da política monetária — mesmo sob crescente pressão política.
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